quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dia Nacional da Consciência Negra: mais que refletir é traçar estratégias

O processo de genocídio do povo negro, a tentativa de extermínio da juventude negra, as perseguições aos adeptos da religião de Matriz Africana e o ataque sistemático à ancestralidade e à cosmovisão africanas não nos fazem perceber que estamos há 315 anos do ataque à República de Palmares, da imortalidade de Zumbi dos Palmares e da tentativa de banir qualquer possibilidade de nos referenciarmos num modelo organizativo vitorioso e não eurocêntrico.

O processo de resistência travado nestes cinco séculos nos faz perceber que os avanços conquistados são insuficientes para dar conta do contingente populacional negro no Brasil. A conquista da liberdade caminha a passos lentos.

Os donos do poder econômico, político e religioso continuam se unindo e se reordenando para se manterem no comando do poder, e nós buscamos nos reconstruir. Não se trata de uma unidade romântica, homogênea, pois esta nunca existiu, mas uma unidade operativa e coletiva, o mesmo operativo que fez com que partidos, sindicatos e outras organizações sociais e políticas se somassem às nossas reivindicações. Essa foi uma grande conquista, mas precisamos dar novos passos para mudar a realidade atual.

A República de Palmares é um exemplo a ser referenciado e redimensionado em tempo atual, desde as estratégias de organização sociopolítica e produtiva à defesa do território. Nossa estratégia de luta deve priorizar e contemplar uma pauta que aponte para a construção de políticas que ponham fim às mazelas a que o povo negro está submetido, e de contraposição aos modelos de comunicação, que alimentam a ilusão da falsa liberdade, através de seus programas e personagens, um desserviço à história da construção nacional e ao povo negro.

O diálogo com as instituições, sejam elas de caráter público ou privado, deverá contribuir para a construção de alternativas para a resolução do racismo como um problema da sociedade brasileira.

Ajudamos a construir o debate nos partidos, sindicatos, centrais, entre outros espaços, e neste debate muitos tornaram-se reféns do próprio espaço, quando deveriam contribuir para o avanço e efetivação da pauta de luta do povo negro.

Palmares é um exemplo a ser seguido, e refletir sobre a data é insuficiente. É necessário traçar estratégia de dentro para fora para o sucesso das reivindicações.

Reparação já!

Reaja à Violência Racial!

 
Vanda Pinedo – Mandato do vereador Lino Peres – PT/Florianópolis

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