quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ano novo, velhos problemas urbanos

A falta de planejamento no trânsito, mais uma vez, infernizou a vida dos moradores e turistas que passaram o final de ano em Florianópolis. A Polícia Rodoviária Federal, segundo a imprensa, chegou a registrar 4.200 veículos por hora do Rio Grande do Sul para Santa Catarina no sábado, 29, início do feriadão. Os atrativos do litoral do estado e, especialmente, da Capital, irão manter o alto fluxo de veículos em janeiro. De acordo com o Observatório das Metrópoles e o Denatran, em 2011, a Capital tinha em média 2,5 habitantes por veículo particular, mesmo índice de São Paulo. Fica atrás de algumas poucas capitais como Curitiba (2,1 hab./veículo). E este quadro tende a piorar.
O que gera a situação é a ausência de um efetivo Plano de Mobilidade Urbana e de alcance metropolitano, não enfrentado pela Prefeitura na discussão do Plano Diretor Participativo desde 2006. O problema atinge principalmente os quatro municípios da Grande Florianópolis, a Capital, São José, Palhoça e Biguaçu.
A saturação no trânsito tem causas de diversas ordens. Uma delas é o modelo que se apóia na produção automobilística de veículos particulares, incentivada pela política governamental, apesar da criação, em janeiro de 2012, do Plano Nacional de Mobilidade Urbana. Outra é a concentração de atividades públicas e privadas (comércio, prédios públicos) na Ilha. Além disso, o sistema viário está defasado e não dá conta da demanda de veículos em circulação. Isto sem falar da falta de uma política efetiva de transporte público de qualidade (tarifa acessível, conforto, regularidade de horários etc).
As soluções imediatas são, por exemplo, adoção de sistemas binários (mão única nas principais vias), corredores exclusivos para ônibus e informatização do sistema de sinalização. A longo prazo, são necessárias medidas estruturantes, que realmente enfrentem as causas do problema, como estudo de Origem-Destino do sistema veicular e de pessoas, redistribuição das atividades urbanas e implantação de um Plano de Mobilidade Metropolitana orientado pelo Plano Diretor, hoje em revisão na Capital.
Estas medidas terão efetiva legitimidade se permitirem a participação da população e dos movimentos sociais, como hoje experimenta o Núcleo Gestor Municipal do Plano Diretor Participativo de Florianópolis, ainda que com sérios problemas de condução por parte do Executivo Municipal passado.  Esperamos que o novo prefeito da Capital não tenha a mesma postura e que dialogue efetivamente com toda a sociedade. Ao contrário, o trânsito no ano novo será pior do que o do ano velho.

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