sábado, 7 de maio de 2011

Jornalista Sérgio Rubim avalia volta de Márcio de Souza à Câmara

Márcio de Souza: o joguete de Dário Berger
 
Do Cangablog

Por Sérgio Rubim


A ciranda de cargos que o vereador petista Márcio de Souza vem enfrentando nos últimos tempos está se configurando em uma das mais tristes e humilhantes histórias de manipulações políticas de Florianópolis.
Márcio de Souza, com um passado político e uma série de conquistas alicerçadas na contestação do status quo – seja no discurso “socialista” transformador da sociedade capitalista, seja na forma de enfrentamento contra o racismo e a discriminação social – capitulou vergonhosamente frente ao esquema político montado por Dário Berger na dominação e exploração da Capital.

Contrariando o discurso oposicionista de seu partido, o PT, Márcio de Souza sempre manteve uma relação incestuosa com as agremiações ditas reacionárias e classificadas de direita por seu partido, como o PMDB e o DEM.

Porém a sua derrocada ideológica ao aceitar o cabresto do prefeito Dário Berger, um dos piores administradores que já passou por Florianópolis, derrubou o queixo de muita gente. E o que veio a seguir foi mais espantoso. A aproximação do vereador ao prefeito não se tratava de uma parceria política na qual cada um preserva suas características políticas e de caráter.

Na verdade, Márcio de Souza foi abduzido por Dário Berger. Totalmente dominado, obedece caninamente às ordens do alcaide. Assim foram várias vezes em votações na Câmara de Vereadores, onde o voto de Márcio foi fundamental para aprovação de projetos do Executivo. O prefeito remanejou o petista para a Secretaria de Turismo em pleno Carnaval para segurar o pepino do cambau que deu na escola de samba carioca, Grande Rio. Dário nunca teve respeito por seu tutelado. Em plena polêmica da verba, não paga, da prefeitura com a Grande Rio, Dário deu uma porta fria em Márcio de Souza no aeroporto Hercílio Luz. Márcio desembarcou no Galeão com as passagens de Dário na mão. Uma humilhação.

Outro dia o colunista Moacir Pereira postou em seu blog uma nota com o título: Márcio de Souza na linha de tiro. Moacir dizia que Márcio poderia perder a função de Secretário de Turismo e voltar para a Câmara se o arquiteto Lino Peres, seu substituto, continuasse a criticar o prefeito. Dário Berger anunciou isso publicamente numa prova cabal de que é o “dono” do contestador petista Márcio de Souza.

O então Secretário de Turismo mandou uma carta ao colunista com um discurso racista, na qual tenta desviar a atenção da discussão política:
“Prezado professor Moacir,
Quero tranquilizá-lo que a vida de todos homens e mulheres negras, no estado de Santa Catarina, que conquistaram qualquer espécie de notoriedade política, sempre mereceram ataques e sabotagens nas suas vidas.
Não seria diferente comigo!
O que Moacir Pereira escreveu era dito publicamente pelo tutor de Márcio, Dário Berger.
Agora, aconteceu!
Dário Berger exonerou o petista do Turismo e o remanejou de volta para a Câmara de Vereadores. A mando do alcaide, Márcio tentará reverter a assinatura de seu suplente, Lino Peres, que votou a favor da CPI da Aflov (Associação Florianopolitana de Voluntários) – que já havia recebido seis assinaturas e estava prestes a ser instalada.

Márcio vai lá na Câmara defender seu patrão de uma possível investigação sobre essa entidade que é uma das maiores caixas pretas da administração municipal.

Diante da carta de Márcio de Souza a Moacir Pereira dizendo que eles, negros, estão sempre na linha de tiro, me pergunto se a atitude de manipulação humilhante, sem nenhum respeito pelo ser humano, trazer Márcio de Souza de volta e expulsando Lino Peres, também negro, não seria uma atitude racista do caucasiano Dário Berger.

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