sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ágora entre nós

Lino Peres

Dor daqueles que agonizam nas periferias
Nas bordas do mundo, ainda que incansáveis sejam suas lidas
Para retornar de novo de eternas idas
Parecem notas que não descansam
Suspendidas em ré menor
De melancolia
Rés do chão
E aí então
É que se pode sentir suas dores tão distantes
Mesmo sem inocências
No vão das coisas
Mas, de repente, de peito aberto
Em enlaçadas mãos, sem nãos
É que podem falar
E serem ouvidos
Sem suspensão
Erguidos do chão
Notas que não descansam
Continuam
Agora em mi maior
Reerguendo-se
De novo
Sem nada perder
ressurgindo
Da penumbra de suas invisibilidades
Tornando-se potência
Sujeitos de memórias
Que somente na luta
Fazem história
Mas, eles não são nós
Que viemos do fundo da noite
E que nos empurram
Para que se evite o dia?
É tramando caminhos
Tecendo sonhos
Construindo juntos
arqueaduras
Vãos para os corpos
Cobertura para muitos
É para isso que aqui estamos
Para que não mais haja dor nas periferias
E que estas nem mais existam
Somente agoras
Ágora entre nós

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