O processo de genocídio do povo negro, a tentativa
de extermínio da juventude negra, as perseguições aos adeptos da religião de
Matriz Africana e o ataque sistemático à ancestralidade e à cosmovisão
africanas não nos fazem perceber que estamos há 315 anos do ataque à República
de Palmares, da imortalidade de Zumbi dos Palmares e da tentativa de banir
qualquer possibilidade de nos referenciarmos num modelo organizativo vitorioso
e não eurocêntrico.
O processo de resistência travado nestes cinco
séculos nos faz perceber que os avanços conquistados são insuficientes para dar
conta do contingente populacional negro no Brasil. A conquista da liberdade
caminha a passos lentos.
Os donos do poder econômico, político e religioso
continuam se unindo e se reordenando para se manterem no comando do poder, e
nós buscamos nos reconstruir. Não se trata de uma unidade romântica, homogênea,
pois esta nunca existiu, mas uma unidade operativa e coletiva, o mesmo
operativo que fez com que partidos, sindicatos e outras organizações sociais e
políticas se somassem às nossas reivindicações. Essa foi uma grande conquista,
mas precisamos dar novos passos para mudar a realidade atual.
A República de Palmares é um exemplo a ser
referenciado e redimensionado em tempo atual, desde as estratégias de
organização sociopolítica e produtiva à defesa do território. Nossa estratégia
de luta deve priorizar e contemplar uma pauta que aponte para a construção de
políticas que ponham fim às mazelas a que o povo negro está submetido, e de
contraposição aos modelos de comunicação, que alimentam a ilusão da falsa
liberdade, através de seus programas e personagens, um desserviço à história da
construção nacional e ao povo negro.
O diálogo com as instituições, sejam elas de
caráter público ou privado, deverá contribuir para a construção de alternativas
para a resolução do racismo como um problema da sociedade brasileira.
Ajudamos a construir o debate nos partidos,
sindicatos, centrais, entre outros espaços, e neste debate muitos tornaram-se
reféns do próprio espaço, quando deveriam contribuir para o avanço e efetivação
da pauta de luta do povo negro.
Palmares é um exemplo a ser seguido, e refletir
sobre a data é insuficiente. É necessário traçar estratégia de dentro para fora
para o sucesso das reivindicações.
Reparação já!
Reaja à Violência Racial!
Vanda Pinedo – Mandato do vereador Lino Peres –
PT/Florianópolis
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