Na foto, via planejada, no projeto da prefeitura, ao lado do manguezal do Itacorubi
Está
mais uma vez na Ordem do Dia da Sessão desta terça-feira, 26, o PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR N. 1.292/2013, QUE INSTITUI O PLANO DIRETOR DE
FLORIANÓPOLIS. Na quinta-feira, dia 25, o Tribunal
Regional Federal da 4ª Região anulou a decisão da Justiça Federal que
suspendia a tramitação do Plano Diretor na Câmara de Florianópolis, e
agora, novamente, o projeto retorna à votação. Está, com outras pautas,
na Ordem do Dia, cuja visualização só é possível depois de quatro
cliques no site da Câmara de Vereadores.
Não
há qualquer menção à votação hoje no site da Câmara ou da prefeitura, e
a sessão não será divulgada na tevê porque a TVCâmara não está em
atividade por problemas na licitação. Além disso, nenhuma emenda foi
tornada pública. Nem mesmo o projeto está atualizado porque a
prefeitura também apresentou 258 emendas, além das dos vereadores, e
alguns mapas foram modificados e estão diferentes do que foi
discutido nas reuniões feitas antes da entrega do PLC à Câmara. A
POPULAÇÃO NÃO TEM ACESSO A UMA INFORMAÇÃO FIDEDIGNA, PELOS CANAIS
PÚBLICOS, DO CONTEÚDO DO PROJETO E DO PLC. Essa falta de transparência
impede o controle social pela população, conforme prescreve o Estatuto
da Cidade e a Resolução 25 do Concidades, o que é grave para a
realização de um Plano Diretor Participativo.
O
mandato do vereador Lino Peres convida todos, população organizada e os
cidadãos que ainda sonham e exigem uma cidade sustentável e
democrática, a acompanharem a movimentação na Câmara Municipal de
Florianópolis a partir desta terça-feira. Corre-se o risco de o projeto
ser aprovado com todas as emendas em bloco, o que seria um desastre para
a nossa cidade.
O vereador Lino
esteve semana passada na V Conferência Nacional das Cidades, em
Brasília, e divulgaremos em breve os principais resultados desse
encontro, que teve como pauta central, e sob o lema "Reforma Urbana
já!", a discussão e definição de um Sistema Nacional de Desenvolvimento
Urbano, uma espécie de SUS urbano para as cidades brasileiras.
Sem
um fundo nacional de desenvolvimento urbano, uma política de integração
intersetorial e territorial, a implantação dos instrumentos de promoção
da função social da propriedade e sem a participação e controle social,
não haverá política urbana efetiva no país.
O
que estamos assistindo no processo de tramitação do Plano Diretor é uma
demonstração concreta de negação do que a V Conferência Nacional das
Cidades aprovou. É a não-discussão coletiva, com um projeto de Plano
Diretor que já teve cerca de 700 emendas sem passar por audiências
públicas. Florianópolis é um dos anti-exemplos nacionais de uma reforma
urbana democrática.
Apresentamos
parecer de voto em separado na Comissão de Trabalho, Legislação Social e
Serviço Público e Comissão de Viação, Obras e Urbanismo (veja os
pareceres em www.professorlinoperes.blogspot.com), fazendo uma análise
crítica do processo de elaboração do Plano Diretor antes da entrega do
PLC 1.292/2013. Uma delas é que não houve audiências públicas
distritais, sendo que a Conferência Municipal não teve caráter
deliberativo. Também criticamos a tramitação interna deste projeto na
Câmara Municipal. Infelizmente,
apesar do esforço de elaboração do parecer, que implicou pesquisa e
sustentação na legislação urbanística federal, as Comissões referidas
não se ativeram ao mérito específico do PLC e nem das 658 emendas
encaminhadas.
A
Comissão de Viação, Obras e Urbanismo, a Comissão que mais trata do
espaço urbano, não exerceu o papel de coordenação das matérias,
deixando-se arrastar pela pressa da tramitação, submetendo-se a uma
abordagem formal e submissa às ordens da prefeitura e da mesa diretora
da Câmara. Além destes procedimentos, que ferem a profunda análise do
PLC, não ocorreu tramitação especial do Plano Diretor, que se misturou a
outros projetos de rotina, não se estabelecendo prioridade legislativa e
transparente de uma matéria de fundamental importância para a cidade.
Houve
cinco sessões sem quorum durante duas semanas, fato que se explicou na
medida em que grande parte dos vereadores elaborou emendas sem um debate
da matéria e sem chamar audiências públicas para análise dessas
emendas. Feriu-se, assim, a autonomia do Legislativo com relação ao
poder Executivo, pois isso constituiu um segundo atropelo comandado pela
prefeitura.
Por
isso é fundamental que o maior número de pessoas esteja hoje na Câmara
de Vereadores, a partir das 16 horas, para se juntar à mobilização
contra a forma como está se tratando um projeto fundamental para a
cidade.
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