O
vereador Lino Peres esteve no sábado, 6 de abril, no bairro de Coqueiros, para
acompanhar as atividades da “Prefeitura no Bairro”. Ele conversou com
lideranças e com vários moradores sobre as ações efetivas para evitar a
extinção de praticamente o último remanescente de manguezal na porção
continental da capital. O manguezal está ameaçado pela construção de uma rua e
por dois projetos de grandes empreendimentos imobiliários.
A
comunidade de Coqueiros esteve na segunda-feira passada, dia 1◦ de abril, na
Sessão da Câmara de Vereadores, para entender como, em um intervalo de 22 dias,
o que restou de manguezal no bairro perdeu a garantia de proteção que havia
conquistado. Em sua fala na tribuna, o vereador Lino Peres destacou que o fato
ocorreu porque um acordo político feito na Sessão do dia 5 de março foi
rompido, e solicitou à Mesa Diretora e ao vereador Dalmo Meneses, líder do
governo e presidente da Comissão de Constituição e Justiça, que esclareçam os
fatos.
Os
vereadores, em suas falas, levantaram a questão no sentido de buscar esclarecer
se a garantia de proteção do manguezal havia se dado por emenda ou por acordo.
Mas o vereador Lino Peres afirmou que a questão não se resume a um problema
técnico, administrativo ou formal, ou seja, se os vereadores aprovaram uma
emenda ou acordo. A questão, enfatizou Lino, implica um fato político, porque
um acordo foi rompido e prejudicou a reivindicação dos moradores de Coqueiros.
Além disso, o documento assinado por 10 vereadores, que firmava o acordo,
desapareceu.
O
texto firmado no documento limitava a 145 metros a extensão da rua Wilson Luz (a extensão que ela
já tem), para impedir a continuidade da via até o mar, passando em cima do
manguezal, conforme estava no Substitutivo ao Projeto de Lei 1.074/2010, de autoria
do ex-vereador Gean Loureiro. Os vereadores aprovaram por unanimidade, em
segunda votação, o Substitutivo, mas confiando na promessa do vereador Dalmo
Meneses, líder do governo e presidente da Comissão de Constituição e Justiça.
Nesta Sessão do dia 5 de março, ele afirmou,
como foi transmitido ao vivo pela TV Câmara, que, se fosse apresentada emenda,
o processo teria que retornar às Comissões para tramitação. Então, acolhendo o
acordo assinado pelos vereadores, que ele listou com base no documento agora desaparecido,
Dalmo Meneses declarou: “Me proponho, na
Redação Final, (...), a nós corrigirmos e fica limitado nos 145 metros a via. Então, no parecer da Redação
Final, será contemplada Vossa Excelência (dirigia-se ao vereador Ricardo
Vieira) e todos os senhores vereadores. E este vereador, como presidente desta
Comissão, avoco o parecer na Redação Final, que é obrigação, e vou incluir
neste parecer final as recomendações dos Senhores Vereadores. Por isso, podemos
votar com tranquilidade e será feita a correção necessária”.
Quando o Presidente colocou em segunda
votação o Substitutivo do PL 1074/2012, estava explícito que essa promessa, de
incluir a limitação aos 145 metros na Redação Final, seria contemplada. Mas não
foi o que aconteceu. Na Sessão do dia 26 de março, a Redação Final não foi
mudada, sendo colocado para apreciação o Substitutivo sem alterações.
Houve uma longa discussão sobre o assunto na
Sessão do dia 1◦ de abril, com a Mesa Diretora insistindo que o documento com a
assinatura dos vereadores não havia sido protocolado. Ora, não foi protocolado
para evitar justamente o envio às Comissões, como emenda, o que implicaria
ainda mais tramitação. Mas ninguém esclareceu a pergunta: onde está o documento
entregue à Mesa? Se o texto que o documento continha não foi contemplado na
Redação Final, como prometeu o vereador Dalmo Meneses, então o documento deveria
ter sido entregue de volta a um dos dez vereadores que assinaram o acordo. Até
agora, porém, o documento não apareceu.
Em sua fala na Sessão do dia 1◦ de abril, o
vereador Lino Peres foi taxativo: “O que aconteceu? Onde foi parar o documento
que continha o trecho a ser contemplado na Redação Final? Nós confiamos – e a
comunidade toda, de Coqueiros – e abrimos mão da emenda, para que o vereador
presidente da Comissão de Constituição e Justiça fizesse a redação alternativa.
Isso depois não aconteceu, e então votamos, baseados no acordo, matéria
contrária ao espírito daquela noite, porque aprovamos o substitutivo que prevê
a ampliação da rua Wilson Luz até o mar. Era justamente o que a comunidade não
queria!”.
Lino observou que populações lutam para a
manutenção de áreas verdes e de lazer, como o Parque de Coqueiros, o Parque da
Luz e o Pacuca, no Campeche, papel que passam a desempenhar muitas vezes em
função da ausência do poder público nesta e em outras questões da cidade. Por
isso, em respeito à comunidade de Coqueiros, que viu, em 22 dias, uma vitória
virar derrota, a Mesa Diretora e o vereador Dalmo Meneses devem explicar como e
o porquê desta mudança e devolver aos vereadores o documento que eles assinaram
para o acordo e que fundamentava a redação alternativa, a ser feita pelo próprio
vereador Dalmo Meneses. Até agora o documento não devolvido aos vereadores que
o assinaram. Leia em
post anterior, abaixo, a análise sobre os fatos da Sessão do dia 26 de março da
Câmara de Vereadores que afetam a preservação do entorno do Parque de
Coqueiros, na área continental da Capital.
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