Até agora a prefeitura não apresentou publicamente a
íntegra do projeto técnico do Teleférico, apesar de já ter divulgado o seu
lançamento no dia 19 de dezembro, cujas bases técnicas questionamos. A falta de
transparência é regra desde a aprovação desta obra, junto com outras, por
financiamento da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, em torno de R$ 200
milhões.
Quando esta proposta de financiamento
chegou na Câmara Municipal, em início de outubro, faltavam apenas DOIS dias do
prazo para encaminhamento junto à CEF, com o risco de perda de financiamento.
Em função dessa urgência, eu e o vereador Afrânio Boppré não fizemos vista ao
projeto nas Comissões de Constituição e Justiça e na Comissão de Viação, Obras
e Serviço Público, mas a bancada governista no Legislativo se comprometeu,
depois de muita negociação, a promover audiência pública para discutir o
Teleférico. Isso seria feito em articulação com as demais obras viárias,
incluídas no financiamento, e com uma concepção de projeto de mobilidade urbana
e metropolitana.
Este acordo foi apoiado pela unanimidade
dos vereadores presentes na sessão. O líder de governo, Dalmo Menezes, em mais
de uma ocasião se comprometeu a dar cumprimento ao acordado, mas até hoje não
promoveu nenhuma audiência pública, alegando que o setor de Obras estava
desenvolvendo o projeto e, depois, que iria encaminhá-lo.
Mas pasmem! Tudo se fez sem projeto
técnico e sem nenhuma discussão com a sociedade sobre que tipo de projeto é
este e de que forma se articula com a proposta de corredor exclusivo de ônibus
em torno ao Maciço do Morro da Cruz – esse também sem projeto técnico - e com
todo o sistema viário! Resultado: o financiamento foi aprovado e será lançada a
pedra inaugural em janeiro próximo. Ou seja, a bancada governista não cumpriu o
que foi acordado na Câmara.
Esta atitude antidemocrática se repetiu na
primeira aprovação do PLC 1292/2013 (Plano Diretor) em final de novembro, e
também na aprovação, em dois turnos, do PLC 1296/2013 (aumento do IPTU e ITBI)
em início de dezembro, assim como o substitutivo do projeto de lei chamado
Cidade Limpa. Os quatro episódios revelaram que não há independência da Câmara
Municipal em relação ao Executivo, que encaminha, sem o menor respeito à casa
legislativa, projetos de lei com prazos absurdos de tramitação e em total
desrespeito à população de Florianópolis.
Sou coordenador do grupo de pesquisa de
mobilidade urbana da UFSC (GEMURB) e reivindicamos há muito tempo um plano de
mobilidade metropolitano que tenha uma coordenação consorciada entre os
municípios da Grande Florianópolis, o que continua NÃO OCORRENDO.
O
itinerário do Teleférico inclui três pontos de embarque e desembarque: aterro
da Baía Sul, alto da Caeira e Praça Santos Dumont, próximo ao campus da UFSC na
Trindade. Mas estudo do professor Werner Kraus, da UFSC, identificou sérios
problemas técnicos para implantação, como, por exemplo, o alto custo da tarifa
e a frequência de ventos fortes na região, que podem impossibilitar a
utilização do sistema. Portanto, mais uma vez, insistimos que se reabra essa
discussão, para evitar DESPERDÍCIO de recursos públicos.
É lamentável que mais uma vez uma obra
como o Teleférico, como ocorreu com a Quarta Ponte e o VLT (veículo leve sobre
trilhos), será tratada com um “factóide” desconectado de uma reflexão e
planejamento para toda a cidade
e região.
Caríssimo Lino,
ResponderExcluirEnvio aos leitores do blog o atalho para o documento do estudo que mencionas:
https://www.dropbox.com/s/70vsvfouz0fijk1/avaliacaoProjetoTeleferico.pdf
Abraço,
Werner