Lino Peres
Dor
daqueles que agonizam nas periferias
Nas
bordas do mundo, ainda que incansáveis sejam suas lidas
Para
retornar de novo de eternas idas
Parecem notas que não
descansam
Suspendidas em ré
menor
De melancolia
Rés do chão
E aí então
É que se pode sentir suas
dores tão distantes
Mesmo sem
inocências
No vão das coisas
Mas, de repente, de peito
aberto
Em enlaçadas mãos, sem
nãos
É que podem falar
E serem ouvidos
Sem suspensão
Erguidos do chão
Notas que não
descansam
Continuam
Agora em mi maior
Reerguendo-se
De novo
Sem nada perder
ressurgindo
Da penumbra de suas
invisibilidades
Tornando-se
potência
Sujeitos de
memórias
Que somente na
luta
Fazem história
Mas, eles não são
nós
Que viemos do fundo da
noite
E que nos
empurram
Para que se evite o
dia?
É tramando
caminhos
Tecendo sonhos
Construindo
juntos
arqueaduras
Vãos para os corpos
Cobertura para
muitos
É para isso que aqui
estamos
Para que não mais haja dor
nas periferias
E que estas nem mais
existam
Somente agoras
Ágora entre nós
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